SAVIANI,
Dermeval. Educação:
do senso comum à consciência filosófica.
6. ed. São Paulo: Cortez, 1985.
Quando
se há um problema é necessário refletir sobre. Não existe
questionamento sem reflexão, sem a busca do fundamento. E eis que ai
está a filosofia. Reflexão significa ‘’voltar atrás’’. O
que neste caso não é necessariamente voltar ao passado. É o ato de
repensar, revisar, analisar, ir a fundo. E a partir daí que é
possível questionar, ou, concordar.
Imagina-se
um questionamento sobre todos os ditados populares que se usa, e
muitas das vezes não há uma compreensão de imediato? Todas as
crenças, como por exemplo ‘’Não deixe o chinelo
virado’’(superstição) ou ‘’Não corte o cabelo em lua
cheia!’’ que muitas vezes pessoas seguem, sem saber o fundamento.
O ato de questionar-se, refletir, dos problemas mais complexos aos
casos mais simples, este é o filosofar.
A
palavra “reflexão” vem do latim, e significa “voltar atrás”,
ou seja, um segundo pensamento. Toda reflexão é um pensamento, mas
nem todo pensamento é uma reflexão. A reflexão é um pensamento
capaz de analisar, pode-se também embasar opiniões, interrogar etc.
Refletir é retomar, reconsiderar, é analisar com cuidado, prestar
atenção e isto é filosofar.
A
filosofia é uma reflexão sobre os problemas da realidade, mas ela
não é qualquer tipo de reflexão. Para que uma reflexão seja
chamada de filosófica, ela tem de obedecer três requisitos:
precisa-se ser radical, rigorosa e de conjunto.
A
reflexão radical ocorre quando uma questão ou problema é analisado
com profundidade, de acordo com suas raízes.
Um exemplo que podemos
citar dos dias atuais, é em relação às manifestações. O governo
tenta calar a boca do povo, mas não procura fazer uma análise mais
profunda do fundamento e das causas de suas reivindicações. Dessa
forma, o problema é “abafado”, mas não tem uma resolução
definitiva.
A
reflexão filosófica rigorosa, nada mais é do que uma apuração
certeira, tendo grande vigor e profundidade, tendo suas raízes,
bases e fundamentos precisamente, na realidade.
Deve-se
mostrar com grande rigor, com cautela e boa averiguação, sempre com
base na ciência e também na sabedoria popular, a conhecida “voz
do povo”, nos campos do problema em questão.
Um
depende do outro, sempre terão que estar andando juntos, para um
melhor aproveitamento da causa. Havendo métodos sem erro, para
garantir uma resposta solucionada à sociedade.
Exemplos nos dias atuais:
O Jure Popular.
Nessa
modalidade de julgamento, que pessoas são escolhidas para ajudar na
absorção ou condenação do réu e, também representar a sabedoria
popular com provas reais e válidas. Mesmo tendo os argumentos dos
advogados e provas jurídicas precisas, é indispensável á opinião
pública. Nesse fato é que ocorre a reflexão rigorosa, pois ela
possui base na ciência e na população. O
último requisito a ser feito, para que uma reflexão possa se tornar
filosófica, é a de conjunto.
O
problema(o que a realidade apresenta, uma “questão para ser
solucionada”) a ser analisado, deve ser observado de modo global
(“que se considera como um todo”).
Relacionando-se
assim, com outros aspectos além do seu próprio. O campo de ação é
o problema mesmo não sabendo onde ele está.
A
filosofia se difere da ciência nesse aspecto, ela não foca em um
único objeto, mas procura um objeto problemático. A ciência não
consegue refletir ou buscar um problema, ela apenas o analisa e pode
até solucioná-lo.
A
filosofia sempre está procurando uma verdade, buscando um problema e
resolvendo o mesmo. Observando-o não de modo parcial, por mais que
as vezes o analisem em cima de apenas um ponto de vista.
A
filosofia analisa seu objeto de estudo em seu próprio meio e fora
dele, entra em um contexto e examina a função do conjunto.
Para
concluir, pode-se acrescentar o seguinte pensamento: “mas o que é
filosofar hoje em dia – quero dizer, a atividade filosófica –
senão o trabalho crítico do pensamento sobre o próprio pensamento?
Se não consiste em tentar saber de que maneira e até onde seria
possível pensar diferentemente em vez de legitimar a que já se
sabe?” (Michel Foucault/ 1926-1984). Ou seja, é necessário sim,
questionar, e ir mais a fundo, questionar, e ir atrás da sua
verdade, ir atrás do que se é certo.
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