Ampliar o período que a criança passa na escola não garante o aumento
das oportunidades de aprendizado nem a melhoria da qualidade do ensino.
Para um resultado positivo, as novas atividades precisam ter conexão com
o projeto pedagógico da escola e devem ser oferecidas por profissionais
afinados com os objetivos da instituição.
O Brasil possui
experiências variadas nessa área e até mesmo por isso o assunto tem
gerado muita discussão nas esferas governamentais e entre pesquisadores.
Em outubro de 2011, o Ministério da Educação (MEC) reuniu
representantes de entidades como a União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação (Undime) e a Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação (CNTE) para discutir a ampliação da jornada
escolar. O encontro resultou em uma proposta, a ser encaminhada ao
Congresso Nacional, com a meta de em cinco anos ampliar a duração da
carga diária de aulas de quatro para cinco horas, em dez anos, para
seis, e em 15 anos, para sete. Paralelamente, o Plano Nacional de
Educação (PNE) propõe que 50% das instituições públicas de Educação
Básica ampliem sua jornada até 2020.
A questão não é nada nova.
Figuras célebres como Anísio Teixeira (1900-1971) e Darcy Ribeiro
(1922-1997) criaram escolas com tempo estendido e a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, determina que deve ser
"progressivamente ampliado o período de permanência na escola".
Para
agregar as iniciativas de aumento do horário existentes no país e
estimular a implantação delas em novas escolas, o MEC criou em 2007 o
programa Mais Educação. Participam dele 15 mil escolas, que oferecem
atividades optativas no período extra e já demandaram 1 bilhão de reais
em investimentos. As realidades encontradas nessas instituições são bem
diversas, com alguns aspectos positivos e outros preocupantes.
A
pesquisa Educação Integral/Educação Integrada e(m)Tempo Integral:
Concepções e Práticas na Educação Brasileira, publicada em 2009 pelo MEC
e várias universidades, concluiu que em 65% dos casos estudados os
esportes são contemplados nas horas acrescidas ao dia letivo. As aulas
de reforço, que podem melhorar o desempenho do estudante e oferecer
momentos de aprendizado individualizado, são realizadas em 61,7% das
escolas. Com um percentual menor vêm as de Arte e de Informática, entre
outras.
A ampliação de quatro para cinco horas é relativamente
simples, pois permite dois turnos diurnos. Mas, com horários maiores, a
situação complica e aumenta a necessidade de investimentos para mais
salas de aulas (e mais escolas), infraestrutura e contratações.
Nos
casos em que não há estrutura disponível, as atividades são realizadas
em instalações de instituições parceiras. No artigo Escolas de Tempo
Integral Versus Alunos em Tempo Integral, Ana Maria Cavaliere, doutora
em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mostra
que problemas graves surgem quando isso ocorre. O risco é que a criança
passe a receber um atendimento meramente assistencialista, fora do
projeto pedagógico da escola e às vezes fornecido por quem não possui
formação para lecionar. Algumas experiências analisadas por ela (ligadas
ou não ao Mais Educação) empobreceram a rotina e geraram a saída de
alunos.
3,47 É a média de horas diárias que estudantes de 4 a 17 anos ficam na escola no Brasil.
FONTE: http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/mais-tempo-escola-679008.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário