Neste trabalho é
feita uma análise do texto A
Fita Verde no Cabelo
de João Guimarães Rosa, através de uma linha de pensamento que
buscou desenvolver a os principais temas de entendimento do grupo,
como: a inocência da menina, a relação de intertextualidade, as
escolhas da menina, a fita verde, a transição para a adolescência,
o enfrentamento do medo e da solidão, o espaço físico e
psicológico da aldeia onde a menina vivia, o conhecimento da dor e a
possível representação das framboesas, tentando assim esclarecer
também alguns simbolismos presentes no conto, e um confronto entre o
conto e a estória.
O gênero textual,
do texto analisado, trata-se de uma narração, pois conta-se um
fato, ficticio ou não. Quanto ao tempo verbal, na narração, é
predominante o passado.
O genêro textual
que foi analisado é um conto, uma narrativa que é curta, que trata
situações corriqueiras, anedotas e até folclores.
Fita
verde no cabelo contém uma relação de intertextualidade com o
clássico Chapeuzinho
Vermelho.
Clássico sim, pois, é uma estória infantil, que é muito
conhecida, e abrange uma riqueza de informações que o leitor vai
adquirindo conforme lê. Chapeuzinho
Vermelho mostra
os problemas que encontrou pelo caminho através do lobo mau, em um
pensamento e um olhar infantil.
Na
estória de Chapeuzinho
Vermelho,
a menina sai da casa de sua mãe e passa por um bosque para chegar
até seu destino visitar a avó. Mas o que diferencia Chapeuzinho
Vermelho e
Fita
Verde no Cabelo é
que neste conto, não há lobo, há uma ausência da capa vermelha, e
também não há um final feliz, talvez o conto pode-se ser
considerado mais realista que o clássico.
A
menina com fita verde no cabelo sai da casa de sua mãe, para levar
doce na casa de sua avó, e no caminho perde a sua fita verde. E ai,
a estória se desenrola de uma maneira bem diferente de Chapeuzinho
Vermelho.
O conto analisado
narra a estória de uma menina com uma fita verde no cabelo. De
acordo com a análise feita, pode-se ver o simbolismo que essa fita
remete no conto. A fita de cor verde (significa esperança) pode ser
a representação da imaturidade da menina.
Fita-verde é como
Guimarães Rosa se refere à menina no decorrer da narrativa, que
vive em uma aldeia, onde é possível notar uma certa conformidade de
seus habitantes com a vida que é levada por lá, já que todos
desempenham sua função com muito juízo, menos a menina, que tem
autonomia para fazer suas próprias escolhas. Essa conformidade é
representada através do neologismo, que o autor usa demasiadamente
no conto.
O enredo da estória
começa a se desenvolver, no momento em que a mãe da menina pede que
a mesma vá até a casa de sua avó em uma aldeia semelhante a que
viviam, com um pote de doce em calda e uma cesta vazia para a
colheita de framboesas ao longo do caminho pelo bosque em que teria
de passar.
Conforme descrito
no conto, fita-verde sai linda de sua aldeia em direção ao bosque
que levará a casa de sua avó. No caminho pelo bosque, a menina não
via lobos, apenas os lenhadores que “lenhavam”. Em certo
momento, a menina decidiu optar por um caminho mais distante e assim
foi se divertindo com as avelãs no chão, as borboletas que voavam e
estavam fora de seu alcance.
Nesse momento do
conto, pode-se ver que a menina é obrigada a aprender a lidar com as
consequências de suas escolhas, já que ao ter optado pelo caminho
mais longo ela perdeu um tempo em que poderia estar ao lado de sua
avó e também sua fita verde, que como falado anteriormente, pode
ser considerada como a representação de sua imaturidade. A menina
chega à casa de sua avó e a encontra a beira da morte, reafirmando
a grave consequência da sua escolha ao ter prolongado o caminho. A
partir daí a menina é obrigada a enfrentar a perda de uma pessoa
querida e a lidar com a falta do carinho, beijo e abraço de sua avó,
conforme visto no seguinte trecho do conto:
-
Vovozinha, que braços tão magros os seus, e que mãos tão
trementes!
- É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta... – a avó murmurou.
- Vovozinha, mas que lábios tão arrocheados!
- É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta... - a avó suspirou.
- Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado e pálido?
- É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha... – avó ainda gemeu. (GUIMARÃES, 1964)
- É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta... – a avó murmurou.
- Vovozinha, mas que lábios tão arrocheados!
- É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta... - a avó suspirou.
- Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado e pálido?
- É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha... – avó ainda gemeu. (GUIMARÃES, 1964)
Sendo
assim, acontece uma transição da menina para a adolescência onde
agora, ela precisa enfrentar os problemas e lidar sozinha com os seus
medos como foi descrito no final do conto:
“-
Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo". (GUIMARÃES, 1964)
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo". (GUIMARÃES, 1964)
Diante da analise
feita, pode-se concluir que, um dos fatores analisados é o livre
arbítrio. Ele acontece quando é possível escolher e com isso
deve-se pensar duas vezes antes de resolver algo, seguir algo, ou até
mesmo, falar algo. No caso, o conto falou de caminhos a serem
seguidos, e suas consequências e antes de segui-las tem-se de pensar
em todas as possibilidades para assim seguir no melhor caminho.
Outro fator que foi
analisado é referente a problemas enfrentados ao decorrer da vida. A
partir dos problemas, há uma aprendizagem no viver de cada ser
humano. Não há problema sem solução e isso também é algo que
faz com que o ser humano reflita. Com isso, há um crescimento não
físico, mas mental, psicológico. Por estes e outros parâmetros,
afirma-se que tudo citado e analisado envolve-se no dia-a-dia do
homem. Melhorar e crescer, só se chega nesses dois pontos, vivendo.
Não apenas um simples respirar, mas o enfrentamento de cada dia,
decisões tomadas, escolhas feitas, atitudes, palavras. Quando o
homem se torna um ser social, ele se vê contra todos esses aspectos
a serem enfrentados, sendo assim, ao resolvê-los, ele amadurece.