quinta-feira, 29 de maio de 2014

ANALISE DO CONTO: FITA VERDE NO CABELO

      Neste trabalho é feita uma análise do texto A Fita Verde no Cabelo de João Guimarães Rosa, através de uma linha de pensamento que buscou desenvolver a os principais temas de entendimento do grupo, como: a inocência da menina, a relação de intertextualidade, as escolhas da menina, a fita verde, a transição para a adolescência, o enfrentamento do medo e da solidão, o espaço físico e psicológico da aldeia onde a menina vivia, o conhecimento da dor e a possível representação das framboesas, tentando assim esclarecer também alguns simbolismos presentes no conto, e um confronto entre o conto e a estória.
      O gênero textual, do texto analisado, trata-se de uma narração, pois conta-se um fato, ficticio ou não. Quanto ao tempo verbal, na narração, é predominante o passado.
      O genêro textual que foi analisado é um conto, uma narrativa que é curta, que trata situações corriqueiras, anedotas e até folclores.
      Fita verde no cabelo contém uma relação de intertextualidade com o clássico Chapeuzinho Vermelho. Clássico sim, pois, é uma estória infantil, que é muito conhecida, e abrange uma riqueza de informações que o leitor vai adquirindo conforme lê. Chapeuzinho Vermelho mostra os problemas que encontrou pelo caminho através do lobo mau, em um pensamento e um olhar infantil.
       Na estória de Chapeuzinho Vermelho, a menina sai da casa de sua mãe e passa por um bosque para chegar até seu destino visitar a avó. Mas o que diferencia Chapeuzinho Vermelho e Fita Verde no Cabelo é que neste conto, não há lobo, há uma ausência da capa vermelha, e também não há um final feliz, talvez o conto pode-se ser considerado mais realista que o clássico.
      A menina com fita verde no cabelo sai da casa de sua mãe, para levar doce na casa de sua avó, e no caminho perde a sua fita verde. E ai, a estória se desenrola de uma maneira bem diferente de Chapeuzinho Vermelho.
      O conto analisado narra a estória de uma menina com uma fita verde no cabelo. De acordo com a análise feita, pode-se ver o simbolismo que essa fita remete no conto. A fita de cor verde (significa esperança) pode ser a representação da imaturidade da menina.
      Fita-verde é como Guimarães Rosa se refere à menina no decorrer da narrativa, que vive em uma aldeia, onde é possível notar uma certa conformidade de seus habitantes com a vida que é levada por lá, já que todos desempenham sua função com muito juízo, menos a menina, que tem autonomia para fazer suas próprias escolhas. Essa conformidade é representada através do neologismo, que o autor usa demasiadamente no conto.
      O enredo da estória começa a se desenvolver, no momento em que a mãe da menina pede que a mesma vá até a casa de sua avó em uma aldeia semelhante a que viviam, com um pote de doce em calda e uma cesta vazia para a colheita de framboesas ao longo do caminho pelo bosque em que teria de passar.
      Conforme descrito no conto, fita-verde sai linda de sua aldeia em direção ao bosque que levará a casa de sua avó. No caminho pelo bosque, a menina não via lobos, apenas os lenhadores que “lenhavam”. Em certo momento, a menina decidiu optar por um caminho mais distante e assim foi se divertindo com as avelãs no chão, as borboletas que voavam e estavam fora de seu alcance.
      Nesse momento do conto, pode-se ver que a menina é obrigada a aprender a lidar com as consequências de suas escolhas, já que ao ter optado pelo caminho mais longo ela perdeu um tempo em que poderia estar ao lado de sua avó e também sua fita verde, que como falado anteriormente, pode ser considerada como a representação de sua imaturidade. A menina chega à casa de sua avó e a encontra a beira da morte, reafirmando a grave consequência da sua escolha ao ter prolongado o caminho. A partir daí a menina é obrigada a enfrentar a perda de uma pessoa querida e a lidar com a falta do carinho, beijo e abraço de sua avó, conforme visto no seguinte trecho do conto:
- Vovozinha, que braços tão magros os seus, e que mãos tão trementes!
- É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta... – a avó murmurou.
- Vovozinha, mas que lábios tão arrocheados!
- É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta... - a avó suspirou.
- Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado e pálido?
- É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha... – avó ainda gemeu. (GUIMARÃES, 1964)
Sendo assim, acontece uma transição da menina para a adolescência onde agora, ela precisa enfrentar os problemas e lidar sozinha com os seus medos como foi descrito no final do conto:
- Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!
Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo". (GUIMARÃES, 1964)
      Diante da analise feita, pode-se concluir que, um dos fatores analisados é o livre arbítrio. Ele acontece quando é possível escolher e com isso deve-se pensar duas vezes antes de resolver algo, seguir algo, ou até mesmo, falar algo. No caso, o conto falou de caminhos a serem seguidos, e suas consequências e antes de segui-las tem-se de pensar em todas as possibilidades para assim seguir no melhor caminho.
          Outro fator que foi analisado é referente a problemas enfrentados ao decorrer da vida. A partir dos problemas, há uma aprendizagem no viver de cada ser humano. Não há problema sem solução e isso também é algo que faz com que o ser humano reflita. Com isso, há um crescimento não físico, mas mental, psicológico. Por estes e outros parâmetros, afirma-se que tudo citado e analisado envolve-se no dia-a-dia do homem. Melhorar e crescer, só se chega nesses dois pontos, vivendo. Não apenas um simples respirar, mas o enfrentamento de cada dia, decisões tomadas, escolhas feitas, atitudes, palavras. Quando o homem se torna um ser social, ele se vê contra todos esses aspectos a serem enfrentados, sendo assim, ao resolvê-los, ele amadurece.



3 comentários: